Qual carro vai para a pista primeiro?

domingo, 28 de novembro de 2010

A última corrida


N os dias 8 e 9 de março de 2008 foi realizada mais uma prova de 402 metros da Associação Desafio em Santa Cruz do Sul. E mais uma vez, lá estava o Kadett, engrossando as fileiras da associação, que na época ainda estava se afirmando no cenário das arrancadas do RS.


Como na época o Kadett estava entre os carros mais rápidos da AD, era muito importante para o grupo que levássemos o carro e fizéssemos parte da festa. E para nós também era importante, pois pela primeira vez o Fernando Wortmann, que também fazia parte da equipe, poderia andar com o carro em condições de virar bons tempos e ser competitivo.


O motor havia sido danificado na última prova e teve de ser todo desmontado. As bielas que estavam fora de medida, dois centésimos menores do que a medida original danificaram o virabrequim, que teve de ser substituído. As bielas tiveram de ser retificadas em seu alojamento, os anéis substituíidos e o motor então pôde ser remontado. O turbo .50/.63 Garret foi substituído por um .70/.63 Master Power, com eixo e rotor maiores. Os injetores emprestados também saíram de cena e em seu lugar colocamos 4 injetores novos de 150 lb/h.


O carro foi todo polido e as rodas foram pintadas de preto, para dar uma melhorada no visual externo, que em todas essas correrias acabou sempre ficando aquém do desejado. Fizemos também alguns ajustes na pressurização, consertando as partes que tinham causado tanta confusão na prova passada. Pintamos também as tubulações de preto, mas o cofre do motor ainda estava longe do padrão que sempre quisemos para o carro.


A organização da prova contava com balanças individuais, assim pudemos pesar o carro para verificar como estava a distribuição de peso entre as rodas. Descobrimos que, como imaginávamos, cerca de 70% do peso do carro estava na dianteira e que o lado do motorista era um pouco mais pesado, sendo a roda traseira direita a que apresentou menos peso nas balanças. O carro apresentava um peso total de cerca de 870 kg.


O alívio de peso vinha de algumas peças em fibra de vidro: Capô, para-choque dianteiro e tampa traseira, que contava com um vidro em lexan. Todos os outros vidros eram originais, assim como as portas, que ainda continham as máquinas de vidro funcionais. O interior foi todo removido, com excessão do painel e nenhuma parte do carro foi recortada.

 

Na pista o carro ia bem, apresentando poucos problemas, além da já tradicional fumaça, agora bem menor do que na outra prova, já que o turbo era novo, mas o motor ainda fumava. O cabeçote era de um motor ano 96 em estado bastante desgastado e nunca revisado e os cilindros do motor estavam bastante riscados em consequencia das diversas quebras de balancim, no tempo em que o carro ainda usava cabeçote 8v.


Os tempos não estavam na casa dos 11 ainda, mas nao estávamos usando todos os recursos do carro. Mesmo com o novo turbo a pressão não passava de 1 bar e a partir daí já sabíamos que deveriam haver mais problemas nessa parte. A ignição ainda dava muitos backfires ou "contras", situação em que a vela recebe centelha antes da hora, fazendo com que ocorram grandes explosões no coletor de admissão.


 Numa das arrancadas valendo, comigo ao volante, o carro deu um desses contras logo na saída e eu percebi que a pressurização havia desencaixado e o carro estava funcionando aspirado, apenas sobrealimentado com o nitro. Senti que o carro saiu relativamente bem, andando na casa de 2,2 de 60 pés, 8,3 nos 201 e fechou em 12,4 nos 402. Sem pressão de turbo.  No final da reta inspecionei a tubulação e descobri que de fato a pressurização estava completamente desencaixada. O carro realmente havia feito 12,4 aspirado.


 Então era a vez do Fernando arrancar com o carro. Prendemos a pressurização e ele saiu, pronto para virar temporal. O carro arranca demonstrando muita potência, saindo do trilho de segunda marcha e levantando muita poeira. Quando coloca a terceira marcha o motor grita alto, denotando a injetada de nitro. Imediatamente a terceira marcha se entrega. O câmbio ali dava seu adeus.

Durante a corrida toda a caixa de câmbio já dava sinais de que nao iria aguentar. Aquela puxada havia sido demais para ela. E assim novamente fcou aquela sensação de que o carro não havia mostrado todo o seu potencial.

Após essa quebra, a parceria com o Fernando foi desfeita. Ele já estava participando de outros compromissos como piloto de Kart e também restaurando um Ford dos anos 50. Assim, abriu mão da participação no Kadett.

Com sua saída, ficamos sem o sistema de gerenciamento de injeção e ignição eletrônica, sem os pneus Advan, sem os bicos injetores, sem o banco de competição, volante, conta-giros e outras peças. A caixa de câmbio estava quebrada e o motor precisava uma revisão total.

Como estava parado utilizamos muitas peças do motor dele na montagem do Monza de meu irmão. O Cabeçote estava em péssimo estado e precisava de uma revisão. Posteriormente descobrimos que o o turbo não pressurizava pois as roscas do cabeçote estavam todas espanadas ou parcialmente danificadas, algumas delas já haviam sido aumentadas e nao seguravam mais a pressão das porcas. Outras peças de carroceria, como a tampa traseira, para-choques e capô foram repassados para um outro Kadett de arrancada (que acabou nunca competindo) e o carro foi totalmente canibalizado.

O carro agora era só um esqueleto sem interior, sem motor, sem cambio e sem as peças de carroceria.