Qual carro vai para a pista primeiro?

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Você ainda acredita? (reflexões de um idiota)

MOTORNO: Segundo meu amigo Pomada, pintei meu motor da cor de um torno.

Meu Kadett é ano/modelo 1993. Pode não ser um Hudson Pacemaker de 60 anos de idade, mas não é tão novo assim... Afinal, já saí com moças que nasceram por esses anos... (Que fique claro que foi em outras épocas viu dona patroa?)

Bom, não vamos perder o foco. Há poucos dias me dei conta de que meu carro, apesar dos quase 20 anos de idade, na verdade não é tão velho assim... De 93 a meados de 99, não sei o que ele fazia, ou com quem andava. Foram 6 anos de uso "normal". Pelo que me disseram, o carro era muito bem cuidado, por um casal de mulheres. E se tem coisa que a sapata "machinho" da relação gosta, é de ser mais homem que os homens. Logo, cuidava bem do carro. Ou assim é o que se supõe. Ou apenas eu supus isso. Enfim.

Então, elas deram o possante na troca por algum outro automóvel, na loja do meu amigo Gabal. E lá, meu pai se agradou do carro e adquiriu-o. Rodou um tempo com ele, até que lá por 2000 eu bati o Golf GTi que tinha num poste e num guard rail. Levei comigo alguns arbustos, derrubei o poste... E o carro, é claro, deu perda total. E também é claro que o seguro vendeu o salvado com documentação e o pobre Golf voltou a rodar, fazendo a alegria de algum chapeador por aí.

Foco, foco... Ok. Sem Golf, precisava novo carro. Negociei o Kadett com meu pai e ele comprou... Sei lá o que. Um Peugeot... Foco, foco.

Lá por 2000, então comprei o Kadett. Andei um tempo, fui feliz, me diverti, viajei, rebaixei, coloquei rodas Mille Miglia, bancos recaro, volante MOMO... Curti o carro. Mas toda criança, quando cresce, começa a se preocupar menos com a aparência e mais com as habilidades das moças... Dos carros... Dos carros! Foco, foco...

E aí resolvi turbinar. Lá por 2002, (então com 8 anos e pouco de uso) desmontei o motor. E o carro ficou nada menos que 2 anos e meio parado. Em 2005 resolvi remontar, rodei menos de um mês e o carro foi roubado! Por sorte foi encontrado, só que claro... Depenado.

E aí virou de corrida. Tentei, tentei, tentei andar... Mas só consegui mesmo em 2007. Mas "andar", quanto? Alguns metros. Poucos km. Nem 10.

Em 2008 o carro foi desmontado novamente e assim está desde então. Dos 20 anos de idade que o carro tem, mais da metade desse tempo ele passou parado! Se fosse uma coroa, seria uma de 40 com corpinho de 20!

Mas por que eu estava falando isso mesmo?

Ah... É. O carro está atirado na oficina já há quatro anos. Só esse blog tem 3 anos de carro parado. Eu mesmo pensei várias vezes, se não seria melhor abortar o projeto, afinal, na vida tudo tem prazo de validade. Quando comprei esse carro eu era um guri. Não tinha responsabilidades, tampouco exigências. O carro era "novinho" e estava funcionando. Apenas dez anos se passaram, mas dez anos mudam muita coisa na vida de uma pessoa. Principalmente "esses" dez, dos vinte poucos aos trinta e poucos.

O que era um projeto legal, um sonho, hoje já beira a irresponsabilidade. Porque é uma irresponsabilidade ocupar o espaço de trabalho com um carro desmontado. É um desperdício de espaço, tempo e dinheiro. E no meu caso, nada disso sobra.

Mas justamente falando em dinheiro... Se for o caso de desistir... Quanto vale um Kadett SL 93? Putz... Pouco... E cada vez menos, com os carros e os juros barateando... E se estiver desmontado? E se faltarem peças (em decorrência daquele roubo onde ele foi depenado)? E se tiver uma beira de documentos?

Bom, a real é que ninguém quer saber se meu Kadett é uma Luiza Brunet. Porque desse jeito, no quesito "desejabilidade" ele tá muito mais pra Amy Winehouse nos últimos dias. Traduzindo em lingua de gente: O valor de venda do carro hoje, é menor ou igual ao dinheiro que eu teria de gastar pra deixá-lo em condições de vender.

Então, do ponto de vista da irresponsabilidade, ao menos o fardo financeiro, posso tirar da minha consciência. Ufa!

Nada... Nessa altura, o dinheiro que foi perdido é o leite derramado, pelo qual todos sabem, não adianta chorar. Mas ainda assim o carro parado não pode ficar, pois está atrapalhando, causando prejuízo... Mas por outro lado, concluí-lo vai requerer mais leite e se demorar muito mais, pode vir a ser até o leite das crianças...

Conclusão da pessoa lógica: Jogue o carro fora.

Né?

Ou será que não? Até a Playboy da Luiza Brunet eu pensei bem antes de jogar fora... Que dirá um carro, BOM, que além de tudo é o carro com o qual tive o maior relacionamento até hoje na minha vida... No qual já foi tanto dinheiro, tanto esforço e com o qual já vivi tanta coisa...

Não é tão lógico livrar-se de algo que ainda está bom, mesmo que isso seja financeiramente mais conveniente...

Alguém viu "EU, Robô"? A Dra. Calvin não desligou o Sonny... A coisa tem valor pela própria coisa em si... Alguém entende isso?

Então penso nos motivos. De ter feito isso, de a coisa ter chegado onde chegou. Era um projeto, um sonho... De ter um carro turbo, de mexer num carro turbo... De ter um carro de corrida... Tudo isso de fato realizei.

Virei 12,2 segundos numa época em que isso era tempo de carros de corrida similares com muito mais investimento que eu tinha. Minha iniciativa mostrou a muita gente que um carro de corrida podia ser barato e rápido e que não era necessário seguir certas normas para fazer as coisas. Isso influenciou muita gente a fazer carros, que hoje inclusive são muito mais rápidos do que o meu foi.

Os desdobramentos daqueles conceitos que defendemos na época e pelos quais tivemos até mesmo que eventualmente brigar, nem tenho coragem de escrever aqui, pois muitos simplesmente achariam que fiquei louco. Mas eu e mais algumas poucas pessoas sabemos a extensão da influência que tudo isso teve e ainda tem. E isso é a parte boa.

Mas por um sem numero de motivos, as coisas nao correram do jeito que eu esperava. O resultado não me satisfez e apesar de tudo de bom que me trouxe, no fundo o sentimento que ficou mais forte foi o de frustração. O carro nunca chegou a refletir de fato o que eu idealizei, nunca realizou o seu potencial. Foi como tirar um 7 numa prova em que você esperava um 10 com louvor. Muita gente achava que o carro seria um redondo zero e assim sendo, o 7 fez cair muitos queixos. Mas não o meu.

Tentei fazer um beija-flor e se não saiu o famigerado urubu, digamos que tenha saido algo como um pelicano, ou um avestruz...

A grande questão é: Será que ainda sonho esse sonho? Quanta necessidade ainda sinto de provar pra mim mesmo que posso fazer esse carro funcionar como me propus?

E mais: Será que quero me desapegar desse carro? Ou pior, será que consigo?

Se eu sou um idiota, não sou do tipo que age mal porque não pensa. Se sou idiota, sou aquele tipo que reflete sobre o caso e acredita no errado, achando que é o certo.

Eu não desisiti, e acredito que vou até o fim.

E você? Ainda acredita?

Lembram da novela do Setor de direção? Pois bem, finalmente acabou. Tá aí o troço, no lugar.

Totalmente lavado, graxa nova, coifas novas, buchas novas...





Próximo passo: Barras de direção, estabilizadora e suas tralhas, pedais... Vai longe.