Qual carro vai para a pista primeiro?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Quando a cabeça não pensa, o corpo trabalha dobrado



Estão vendo esse belo virabrequim? Standard, polido, preparado, fosfatizado, jateado, molykotado e bem lubrificado? Pois bem, há muito tempo já que eu havia feito todo esse trabalho e deixado ele pronto para montar. Bom, não exatamente TODO O TRABALHO...

Pois é, fiz toda a parte mais difícil e acabei não lubrificando a peça com óleo antes de guardar. O resultado na umidade de Porto Alegre foi esse:




Fazer tudo de novo? Não dava, por dois motivos: Um deles é que eu mandei as bielas para conferir os alojamentos, coisa que já havia feito duas vezes anteriormente e o problema persistiu. Resolvi entregar o serviço pra alguém com a reputação de ser bem qualificado, a Retificadora Guido Waechter. Só que o único detalhe é que ela fica em Santa Cruz do Sul, a 150 km de Porto Alegre.

Pois bem, recebi um retorno de lá me pedindo que medisse os moentes do virabrequim para dar a folga certa nas bielas. Quando fui medir constatei que ele estava nessas condições. Então dei uma limpada nos moentes para poder medir, pois nessas medições centesimais a sujeira e a ferrugem podem causar erros.


Peguei uma lixa fina, lixei com bastante cuidado e então efetuei a medição. 

 
 
 

A medida standard desses moentes deve ser maior que 48,971 mm e menor do que 48,987 mm, caso contrário o virabrequim prende nas bielas ou acaba ficando folga demais e o motor pode ficar "batendo biela" e o que é pior: Perder pressão de óleo.

No meu caso, conforme a foto acima, a medida era aproximadamente 48,975 mm. Assim sendo até mesmo um polimento poderia deixar o virabrequim abaixo da medida STD. Tudo bem, bastaria nesse caso fazer as bielas com furos menores. Mas o custo para diminuir o furo da biela é consideravelmente maior do que o de aumentá-lo, sem falar em depois ter que fazer as pontas das bronzinas e ainda por cima acabar com um conjunto de bielas com furo fora de padrão, que não serviria em outro virabrequim com medidas standard...

E o segundo motivo é que simplesmente eu não estava nem um pouco afim de fazer todo o procedimento no virabrequim novamente pois iria demandar custo, trabalho e principalmente tempo. E as coisas já demoram demais quando andam no ritmo normal. Só de pensar em refazer tudo já sinto uma depressão profunda.

Então vamos adiante.

 

Depois de lixar com todo o cuidado a sujeira e a ferrugem aqueci novamente o virabrequim e apliquei o Molykote D321R nos munhões e moentes. É interessante lembrar que isso só tem a chance de dar o resultado satisfatório porque o virabrequim já havia passado por todos os processos anteriores e não havia sido usado.

 

Depois disso é importante fazer o polimento da camada aplicada, para facilitar a montagem do motor e também para que se possa ter o "feeling" correto do giro do motor na hora de dar o torque nos mancais. Muitas pessoas não executam esse procedimento e quando montam o motor o virabrequim fica pesado, podendo até ficar travado. Esse fenômeno contribui para a crença errônea de que o Molykote aumenta as medidas da peça, interferindo com as folgas.

Além disso, após o polimento a camada fica mais resistente ao atrito das bronzinas e esse é um dos passos necessários para a aplicação técnica do produto, para que ele se mantenha aderido ao metal do virabrequim durante toda a vida útil do motor.

As fotos acima mostram a diferença entre um munhão e um moente já polidos em relação aos outros que ainda estão com a pintura bruta.



Acima o virabrequim pronto e nas fotos abaixo o virabrequim já lubrificado com óleo de motor, para evitar a corrosão.

  

O ideal para isso seria um óleo de preservação, que é a mesma coisa que vem no virabrequim e outras peças originais de fábrica, porém eu não tinha isso disponível, então lancei mão de um litrinho de óleo sintético avulso e limpo que eu tinha guardado e depois fechei o vira hermeticamente com um saco de lixo. Não é a solução mais elegante, mas o que importa é não cometer o mesmo erro duas vezes, não é?


9 comentários:

  1. Fico feliz de ver que ta conseguindo dar seguimento na ressurreição do kadett, porque afinal de contas, citando você mesmo "chega um ponto que você não se satisfaz mais assistindo [...]". Sei como você deve sentir falta de ter seu carro de corrida e de poder se divertir com ele! :)

    E esse sprint dog é sensasional, devia ser o mascote! hehehe

    Abraços doutor,
    PJ

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  2. Opa!!!! Que bom que as coisas estão começando a andar!! Quando ficar pronto vou aí participar de um desafio pra conhecer huahauhaua abç

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  3. Opa!!! Aí sim! Um Kadett a mais na noite do desafio sempre é bem vindo!

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  4. E eu ainda estou acompanhando o andamento desse projeto, sou seu fã cara, se morasse ai iria ver de perto... abraços

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  5. Opa! olha aí quem pintou por aí!!!! Valeu meu garoto, fico feliz que ainda esteja acompanhando, em breve vem mais posts!

    Abração!

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  6. Nobre Vicente .. vc teria algum contato por e-mail ou watsapp ? gostaria de tirar uma duvida com vc sobre sua restauração do kadett..Grato, e mande resposta para: fabioroxo@gmail.com

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  7. Olá amigo, sei que o post é antigo mais tenho uma dúvida sobre como foi realizado o polimento do molycote na vira, desde já te agradeço... bom final de ano

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    1. qualquer coisa meu email é kennedy_jpr@hotmail.com, desde já agradeço...

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